quarta-feira, 1 de abril de 2009

Fuga alucinada


FUGA ALUCINADA (Dirty Mary, Crazy Larry), John Hugh

Dirigido por John Hugh, cultuado diretor da década de 70 e um dos - muitos - pupilos de Quentin Tarantino, Fuga alucinada (Dirty Mary crazy Larry, não confundir com 'Steal - Fuga alucinada'), de 1974 é um filme cujo maior mérito está na objetividade da trama. Larry é um jovem piloto fracassado do STOCK CAR, que, sem conseguir financiamento para um carro de corrida, resolve, junto com seu mecânico Deke, assaltar um supermercado. Durante a confusão pós-assalto, Mary Coombs se junta ao grupo que tentará escapar da polícia em uma perseguição de fato alucinante pelas rodovias no coração da américa.

Graças ao objetivo, o filme, apesar de em tempos em tempos durante os pouco mais de noventa minutos procurar estabelecer conflitos internos nas personagens, se resume a essa magnífica perseguição, concentrando no suspense e na expectativa os pontos mais relevantes durante a projeção. A decisão de criar personagens mais elaboradas, com dramas e motivações pessoais, apesar de ser praticamente a única ressalva encontrada no filme, é compreensível, já que é justamente essa profundidade pessoal que garante uma boa verossimilhança na trama. Não que verossimilhança deva ser critério na avaliação de um filme, mas mal não deve fazer.

Além do ritmo acelerado, refletido pela própria situação, o filme possui roteiro bem escrito, com passagens e diálogos muito bem retratados. Exemplo disso é a cena logo no começo do filme. Depois de conhecer Mary na noite anterior e dormir com ela, Larry deixa o motel para assaltar o supermercado. Após o assalto, se depara com Mary e o filme entrega um de seus inspirados momentos:

Mary: Você me deve cinquenta dólares.
Larry: O que?
Mary: Ei, se você vai tratar uma boa garota como uma prostituta, é melhor pagá-la como tal.

E como se sabe, diálogos espertos sem bons atores para interpretá-los, não é nada, então ponto para o filme de novo.

Fuga alucinada é cultuado como um excelente filme pop de aventura, grande parte da projeção se passa dentro de um carro ou de um helicóptero e tem uma direção competente de Hugh, o herói dos jovens cinéfilos dos anos setenta, que emprega ao filme um ritmo veloz, leve e divertido, sem deixar o suspense de lado. É filme pra se assistir sozinho, com amigos, com a namorada, com a família, enfim, é exemplo de como com uma história simples, pouco mais de cinco personagens e câmeras dentro de um carro podem criar um filme que entra pra história.