terça-feira, 11 de março de 2008

Embriagado de amor

Cor azul: relativa a monotonia e depressão.
Cor vermelha: relativa a paixão, a vida e a agitação.
Cor branca: relativa a paz, calma e ordem.
Cor amarela: relativa a paz.
Cor roxa: relativa a liberdade, tenacidade e audácia.

Número sete: Relativa a pessoa exigente consigo mesma e com o próximo. A pessoa regida por esse número tende a executar suas tarefas impecavelmente, é solitária pois se isola e exige muito tempo para se entregar a qualquer tipo de relacionamento. É auto-crítico, recluso, pobre, introxpectivo, perfeccionista e tem alto controle da mente.

Número quatro: Relativo a pessoas que lidam bem com hierarquia e burocracia, o que as valoriza muito no trabalho. Atividades relacionadas a organização, discriminação, repetição mecânica e grande espírito de sacrifício pelo trabalho estão presentes em pesoas regidas por esse número. Elas são também requisitadas para darem apoio e proteção aos outros.

Pudim: Do inglês pudding, que significa tanto o doce quanto um tipo de rocha conglomerada, que é, por sua vez, várias rochas que eram originalmente separadas, mas se juntaram com o tempo.



Embriagado de amor - Punch-drunk love (Paul Thomas Anderson, 2002)


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A gravata azul


No azul do terno, das salas e do céu, Berry Egan (Adam Sendler) mimetiza a normalidade e esconde a essência de seu ser das pessoas. O azul que é simbológicamente a cor da monotonia e da depressão veste o mundo do personagem revelando para nós, expectadores desse jogo magnificamente otimista do diretor Paul Thomas Anderson, a verdadeira personalidade do sujeito. Mas quando naquela manhã, Berry deixa o cômodo escuro no qual trabalha, as nuvens escarlates no céu já anunciam a chegada da agitação na vida do homem e, sob a forma de um acidente, que é repentino e inesperado, ela finalmente chega. Vestida do vermelho da cor daquelas nuvens, em um carro branco, Lena Leonard aterriza no trágico ambiente em que Berry vive, pincelando-o e, consequentemente, mudando-o para sempre.

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Um orgão abandonado na rua. Uma falha de marketing. Berry Egan no meio, se agarrando com todas as suas forças a essas duas novidades. Ele rouba o piano e coloca-o no centro do seu escritório que é, tragicamente, o centro de sua vida. Até tenta tocá-lo, mas o som ainda é desordenado. Mas da falha matemática de marketing, que é teórica, Berry compreede muito bem. Ele não viaja e nem o quer, mas das milhas aéreas pelo resto da vida ele não parece querer abrir mão. Imersa em seu trabalho, em seu orgão e nas milhas aéreas, a vida de Berry Egan ainda é solitária e, buscando conforto, ele liga para o sex line.

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A gravata vermelha da cor das nuvens


No dia seguinte ao seu primeiro encontro com Lena, Berry começa a estampar na sua vida o amor que, como os interlúdios animados de Embriagado de amor parecem gritar, estava escrito nas estrelas. Em seu apartamento pálido, com proporções Jacquestatianas, o escarlate parece constratar e é nesse momento em que a subtrama agitada de chantagem e suspense aparece. Georgia, a garota do sex line quer dinheiro e Berry pagará caro pelo seu telefonema.

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No dia anterior, Berry decidiu ir ao supermercado aproveitar a falha de marketing da empresa, o que garanteria para ele, milhas aéreas gratuitas pro resto da vida. No mercado, enquanto procura pelo melhor produto, a garota escarlate Lena Leonarda assume a forma de um borrão no fundo da tela, e o borrão, segue, ainda que distante, o compasso dos passos de Berry. O amor obsessivo do (futuro) casal começa a se formar.

No escritório, o orgão, ao centro, encontra-se superficialmente estragado e Berry o concerta e o toca, mas o som ainda é desajustado e, este som desajustado se funde com a trilha do filme quando a irmã de Berry, Rhonda, chega ao trabalho do irmão acompanhada da moça escarlate, Lena, que agora, vestida de roxo, personifica o apego, a perseverança e a audácia. Berry e Lena então, entorpecidos com o orgão, com os pudins, com o crying problem, com os acidentes da empilhadeira e com a trilha, marcam um encontro.

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A gravata roxa


No primeiro encontro, Berry e Lena, de vermelho vivo, estão iluminados, a conversa e as gargalhadas fluem bem, até Lena mencionar as irmãs. A pressão que as sete (eu disse sete) irmãs. A fúria reprimida começa a exalar pelos poros de Berry e ele descarrega sua raiva do banheiro do restaurante. O maître do restaurante expulsa-o então do restaurante e, na rua, o casal se assume e se compreende. A noite, com pinceladas vermelhas e azuis encanta e, dentro do carro, Lena imerge em Berry, sua luz assume todo o veículo, toda paisagem, todo o rosto de Lena e ali o casal tem o seu momento sublime do amor, que nenhuma cena de sexo seria digna de substituir.

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Na mesma noite, quatro cavalheiros loiros sequestraram Berry e exigiram que ele entregasse algum dinheiro. Os quatro cavaleiros são contratados da empresa fajuta de sex line, liderada pelo ogro-rock-star Dean. Com a posse de todas as informações pessoas de Berry, os quatro cavalheiros loiros ameaçam voltar, para aterrorizá-lo e extorqui-lo.

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A gravata vermelho vivo


A intimidade do seu caso com Lena está ficando mais forte, e, pressionado com as ameaças, agressões e stress, Berry decidi ir para o Havai para encontrá-la.

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Interlúdio: a gravata amarela


Amarelo, que é assossiado à paz, colore o peito de Berry que, se liberando da pressão de sua rotina reclusa, prepara-se para as férias não programadas.

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A gravata vermelho vivo - continuação


Pare. Após o intervalo pacífico, o diretor Paul Thomas Anderson entra no filme, não como um personagem humano, mas como algo surreal. Nada pode dar errado nas férias de Berry no Havai porque o diretor assume o comando do tempo-espaço. O dia está claro, Berry telefona para sua irmã Rhonda e, pela primeira vez em um confronto familiar, sai vencedor. O prêmio, o telefone do hotel em que Lena está hospedada. O dia começa a escurecer, mas a cabine telefônica já sobreavisa que aquela viagem é iluminada. No encontro do casal, Lena veste branco, trazendo consigo a calma e a ordem, e a luz, a mesma luz que agora se ergue no céu novamente. Um lanche à beira da praia, pouca conversa, muito sentimento, o dia começa a escurecer novamente e a lamparina vermelha na mesa guia os dois. Para o quarto. E está lá novamente, o dia claro e Berry, sempre tão reprimido, extravazando sua essência pela tela novamente. A "primeira noite" do casal que ironicamente acontece à luz do dia. Mas as coisas ainda não estão totalmente resolvidas...

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A gravata vermelho vivo - o ogro contra o guerreiro e o final


De volta à Los Angeles, o sol se extingue e os quatro cavalheiros loiros dão as caras novamente. Mas desta vez não feriram Berry, mas a Lena. Berry sai do carro e abotoa o terno como quem veste uma armadura se preparando para a batalha. Nocaute para os quatro cavalheiros loiros, hospital para Lena e Berry vai ao telefone e liga para o sex line novamente, e mais uma vez busca conforto, só que dessa vez com sua amada. Com Dean, o surpevisor ao telefone, Berry conversa, argumenta, discute, explode, e Dean explode também e, revoltado, Berry encara o desafio e parte para D and D Mattress Man, em Utah, para encontrar com Dean, o ogro, e colocar um ponto final nessa história.

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Em Utah, o anti-climax. Não há um confronto direto entre Dean, o gro e Berry Egan. Berry, imponente, ocupando novamente a tela em forme de feixes luminosos se abre, diz que possui dentro de si o amor que o fortelece inefavelmente e aconselha que Dean reconheça sua derrota, e ele reconhece.

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Embriagado de amor não é um thriller de suspense, não é um filme de ação. É um conto de romance e o climax ainda estava por vir. Berry volta para o escritório, pega seu orgão e bate a porta de Lena, declara seu amor (à sua maneira, naturalmente) e a beija. Aí está o climax do filme. Berry abraça Lena e Lena abraça Berry e o mundo é só deles, sem Rhonda, sem Dean, sem ninguém. E no trabalho, como não poderia deixar de ser, Berry toca o orgão, que agora não emite sons desconexos e pertubadores, mas uma melodia carinhosa. Enquanto o vermelho e o azul tomam conta da imagem do casal, Lena declara que a história de amor dela e de Berry, começa, na verdade, agora. A embriaguês apaixonada aparece em forma de letras, imagem e som, e here we go.

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Um comentário:

  1. muito legal essa simbologia das cores

    é o filme mais enigmático e metalinguístico do P.T Anderson,e nem por isso menos belo

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