segunda-feira, 14 de abril de 2008

Paranoid Park



PARANOID PARK, Gus Van Sant

Seus pais estão se separando e algo em sua vida está se transformando, porém, Alex não sabe exatamente o que. Ele até gostaria de falar sobre isso com alguém, mas acha que seria egoísmo de sua parte, levando em consideração que o noticiário na televisão e os jornais estampam o sensacionalismo, incitando as pessoas a terem dor, a terem preocupações e a terem ódio. O mundo está em guerra, as pessoas estão se matando e os skatistas do Paranoid Park (aqueles sim sabem o que é sofrer de verdade) estão... Lá.
É a educação repressiva que impõe aos jovens a idéia errada de que é um fardo para eles também carregarem as guerras, fomes, viciados, privando-os de suas próprias enfermidades. A bagunça no universo jovem de Alex é tanta, que ele se isola, tranca-se dentro de si mesmo, dentro do Paranoid Park – o lugar para o qual ninguém está pronto e, em silêncio, fala.
Como conseqüência de suas visitas ao skate park, Alex se envolve em um acidente, causa a morte de um homem, um fato que se agrega à sua teia de problemas, e aí, mais confusão, perturbação e silêncio fazem parte de sua rotina. Antes, ele não conversava para não se passar por egoísta (entrando num jogo de aparências e comportamento aqui, já que na verdade ele não se importa com um mundo que não seja o seu), mas agora, ele não se abre, por ter feito algo errado.
Paranoid Park existe em função de uma carta que Alex escreve para a amiga, apenas como pretexto para tirar de cima dos ombros o peso de sua atitude imprudente no acidente. Mas curiosamente, na carta – no filme – a morte do homem assume o segundo plano da narrativa. O lápis, a peça que assume o papel do link que conecta Alex ao mundo dos que se exprimem, não consegue evitar o desabafo e, ao mundo, Alex conta sobre seus problemas em relação à família, a situação delicada em que vivem os seus pais, seu relacionamento plástico e isolado com os amigos e a namorada. No final, o seu grito vai ao fogo e o jovem volta às suas origens oprimidas, unindo a sua voz com a de outros, que se expressam, não com a boca, mas com atitudes, por horas infantis, outras rebeldes, mas acima de tudo, livres.

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